domingo, 7 de agosto de 2011

I will always love you

(é de coração, coração meio machucado, mas é)

A chuva rugia lá fora, dias soltos que vão mudando as direções. 

Carregada de casacos e luvas. Meu corpo entorpecido por tanta dor. Tremia. O frio ansiava-lhe pela queda de temperatura, pela extirpe do meu calor humano. Uma xícara de café fumegante esquentava meus dedos ossudos e esquentava um coração machucado que o conflitava feito esponja entre os meus músculos. A carta parecia falar em minhas mãos apenas suprindo uma dor que não me satisfaz.

"Saiba que, independentemente do que aconteceu ou aconteça, eu ainda sinto algo muito forte por você... Sei que errei. Por isso estou perante esta carta para lhe pedir desculpas se fiz algo que te magoou. Espero que um dia ainda possa ter pelo menos sua amizade. (...)"

As palavras de um amor do passado batalhavam contra as palavras de um novo amor. Entre um erro, as consequências. Não restava mais nada pra acontecer, as palavras me atingiam como tijolos, uma dor suprindo outra...

A realidade nela contida, agora parecia irreal. Nunca o coração fora tão palpável e grande em seu peito. 

A carta que contia o cheiro dele crepitava na lareira, feito um dragão dominante de conto de fadas. Daqueles ruins. Onde o príncipe encantado foge, ou a princesa descobre que prefere o vilão. Não importa, mesmo com um feliz pra sempre, alguém saíra machucado de toda aquela loucura.

Houve a invasão atordoante de palavras ríspidas e o terminio do meu novo amor. Quanto a mim, eu já havia cometido o mais elementar dos erros. Não consigo explicar a intensidade da minha decepção. Um coração arrasado, mas de algum modo, não desfeito em pedaços. 

Cinzas ralhavam até a boca, como pegadas na neve.

Um cálice de amor, que não se acaba tão fácil. Meu amor, provavelmente me dera as costas, deixando a minha vida em terceira pessoa. Hoje sou a narradora de uma história, que só me presencia e compõe na hora de lembrar-me de pequenos fatos, como o jeito em que a boca entortava num emburrado jeito de dizer que me amava-a ou amava-me. Os copos vazios ainda estão na mesa, tão vazios quanto meu peito, que ainda o esperava para dizer: “Fique comigo, por favor.

4 comentários:

  1. que blog bonito o seu!
    o texto também...

    o título me deu vontade de escutar a música. tô correndo lá.

    beijinho

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  2. Na boa Ana, eu chorei lendo!
    Não sei se é porque querendo ou não eu me identifiquei com o texto, por ter passado pelo mesmo sentimento terrível que nos derrota.
    Mas saiba que com o passar do tempo, o coração se acostuma e dá liberdade para suas veias se encherem de vida com outras oportunidades!

    beijão

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  3. A gente sempre espera mais, porque querendo ou não, demos muito, demos mais do que podíamos e no fim quase ficamos sem, sem sentimentos, sem vontade de voltar a sentir, por quê iríamos querer quando temos um histórico amoroso não tão belo? É totalmente compreensível. E foram belas as tuas palavras, transparentes as tuas dores, eu gostei muito mesmo, um beijo. @fotosnaestante

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  4. Adorável seu blog e Deus... você traduz muitíssimo bem seus sentimentos em palavras, belas palavras. Estou encantada.

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"Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito."