quinta-feira, 14 de março de 2013

Adeus você

Um quarto, quatro paredes. Do outro lado do quarto encontro-me sentada na escrivaninha, escrevendo rapidamente meu último adeus com o coração na mão. Existe uma dança silenciosa lá fora e a chuva parece respingar na janela em junção com cada batida do meu coração. Parece-me que o Carnaval já se foi, e o que sobrou foi o retalho de um amor fracassado e depois de já ter bebido tudo que tinha pra esquecer, me resguardo ao fumo para lembrar. 
Noite passada tentamos conversar novamente sobre sentimentos não tão belos, porém demasiadamente reais, mas seu grito incessante que diz estar cansado de sempre ser apontado por falhas, dizendo que o tempo cura tudo até atitudes mal pensadas abafou minha voz. Dizias que o tempo estava passando, algumas coisas estavam mudando e eu tentei ser puro amor apenas para agradar-lhe sem te dar a falsa esperança que ainda te amo e espero por ti. E agora, quando te encontro pelos cômodos desse lugar vazio e trocamos olhares mudos tento não enxergar esse ser que você se tornou que eu tanto desprezo. Essa coisa egoísta, sem rumo e vazia que vaga pelas ruas e para sempre dizendo lembrar-me, lembrar-nós em cada esquina.
Sinto escorres lágrimas grossas e quentes pelos meus olhos e obrigo meus dedos trabalharem mais rápidos em busca de terminar logo esta carta, enquanto minha mente me obriga a pensar se você sempre foi essa criatura asquerosa, o tempo todo. Apenas me espionando com seus olhos, esperando o momento certo para mostrar as tuas garras de verdade as quais me dilaceraram, arrancaram cada pedaço de minha carne expressando um misto de fúria e prazer. Até se acalmarem e perceber que não havia restado nenhum pedaço de mim, desistir por um breve momento, o mesmo momento em que eu me recompus e me levantei e te deixei para trás num passado de opostos.
 As palavras saem por entre meus dedos e eu procuro não ser dura demais no que digo. Mas amor, eu vivi nessa tentativa não consumada de vingança, e nós sabemos que ninguém poderá ser capaz de fazer todo o mal que você mesma fez. E sabemos que esse mal tornou-se irreversível. E eu como quem te conhece muito bem já consegue te enxergar como quem irá ler se fazendo de difícil soltando alguns resmungos e indo dormir pensando nelas pra no dia seguinte vir me procurar e exclamar uma dúzia de palavras vazias, palavrões e em seguida procurar um outro colo.

Não, não escrevo mais para o meu amor. Escrevo para aquele que se perdeu no meio do caminho e preferiu seguir por lados oposto. Quanto á mim? Corro para o sentido contrario vivendo pra não ser um alguém egoísta, exalando cigarro barato e feminilidade forçada, fiz minhas malas, selei esta carta e deixei meu último beijo em seus lábios.

Mande lembranças ao amor, ao meu amor...

Escrito no fim do Carnaval, Fortaleza 2013.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Shiver


Quando dei por mim o dia já tinha amanhecido. Noite passada desejei que meu pensamento não fosse de encontro ao seu, mas você sempre resolve aparecer sem avisar e logo estava eu chorando entre os lençóis até adormecer. Essa manhã desejei receber qualquer noticia sua, uma mensagem de texto, qualquer coisa. Em vão.
Achei que ia te amar, mas você foi embora deixando a porta aberta, sem olhar pra trás, sumiu entre minhas lágrimas, deixou a mala jogada. Aquele dia foi a primeira vez que procurei a bebida mais forte que tinha em casa e fiquei só na sala de estar, esperando o choro chegar. Ele não veio. Saí com o coração na mão e fui parar na esquina da sua casa, mas você não apareceu na varanda pra me ver e eu não consigo me lembrar mais por quanto tempo fiquei parada ali. Pensei em te ligar, mas meu celular tinha ficado em casa. Pensei em te chamar, mas meu estômago e minha cabeça já giravam demais.
Acho que naquele dia eu queria dizer ao certo tudo aquilo que eu não te disse. Tudo aquilo que se passava na minha cabeça, mas eram tantas sensações contraditórias que seria impossível descrever. Queria que você tivesse entendido que eu estava cansada de toda aquela confusão, e agora que o furacão já havia saído eu só conseguia enxergar os rastros da destruição que você causou por onde passou.
Mas hoje, três meses depois, sinto que todo o sentimento que tive foi como aquela borboleta que eu acreditei ter saído do casulo. Decidi guardar todo o amor do mundo pra mim, bem quietinho, esperando amadurecer pra voar pra longe. Não posso mais viver na esperança de te encontrar por aí, nem que você perceba que eu sou tudo aquilo que você sempre quis, não posso viver mais um dia sendo uma criança esperançosa.
Não quero mais passar na esquina da sua casa, nem estar na companhia daquela bebida amarga. Apesar da sede que se mantém em mim, principalmente em meu coração.

É tudo tão maluco, fico decepcionada de não ter escrito tudo que vinha sentindo esses meses todos. Por ter guardado tanta coisa durante tanto tempo. Desculpem-me mas foi só nesta manhã que as palavras se perderam, mas a beleza continua...

Sugestão de música para a leitura: Shiver  - Coldplay.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A Outra

É difícil falar de alguém que ter fez tão bem e tão mal.

E eu amava o jeito que você olhava pra mim,
Amava os teus olhos castanhos escuros sobre mim.
Refletindo á mim mesma conspirando amores e explodindo corações bonitos sobre ti.
E foi brincando com meus cabelos desengrenhados, que eu usei meias palavras e
te beijei. E nosso beijo mudou tudo.
No meio da confusão de nossos lábios, disse ser tua.
Nós amamos, dizíamos palavras bonitas e brincamos de planejar o futuro.
A gente se gostava tanto e tanto. E eu precisei tanto do teu afago, que me deixaste.
Brinquei de arriscar e paguei pra ver.
Cansada de te imaginar com ela, te procurei e te vi segurando na palma da sua mão
uma parte do meu coração, o estrangulando.
E agora, eu já nem sei mais o que sobrou dos retalhos do teu pseudo amor.

Vá embora, por favor que não demora pra essa dor sangrar...

E como você me disse - antes do enfim adeus - ... Fica bem.

Com o afeto de uma narradora que quer paz,

Ana P.

Tentei brincar com as palavras. Estou passando por um bloqueio, sinto que não sei onde deixei o dom pra escrever. Também brinquei com a canção "A Outra" do Marcelo Camelo. Precisa escrever alguma coisa, e foi isso. Perdão pela falta de jeito, de verdade.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ponto final


Queria deixar marcado em algum lugar um sentimento que é só seu. Pra que, se um dia, voltasse a lembrar de mim, ou de nós voltasse a ser embalada. Cheia de sorte, com o azar é que como você eu nunca tive ninguém.
Noite cinzenta debruçada no chão, quietinha as lágrimas caem. Deixei a janela aberta, para que, ares bons entrassem e enchessem meus pulmões com algo novo, para que os ventos soprassem para minha janela e levassem o seu cheiro que ficou preso na minha camiseta. 
Enquanto isso continuo sozinha aqui.
As lembranças de nós arrebatam e dilaceram cada parte de mim, cada centímetro do meu corpo parece estar dolorido. Meus olhos marejados e de coração pequeno, me pergunto se é assim que você também vai se sentir quando eu me for. Daí eu me lembro que não sou só eu que ocupo seu coração, e sinto mais uma tristeza me preencher.
Pela primeira vez em meses me perguntei se eu era suficiente pra você, recebi um soco na boca da minha auto estima. Construí barreiras que me deixam cega, e agora não sei como colocar um ponto final nisto. 
Tampei meu primeiro amor com você. Fiz da sua vida a minha bagunça, e agora, você me torna a sua.
Encolhida, aperto as minhas costelas e sinto o frio me corrompendo e me auto dilacerando. Não existe mais brizas para levar sentimentos ou cheiros, o que existe ainda são os seus uivos roucos me lembrando que ainda não sei se quero viver a minha vida sem ser a sua pequena bagunça preferida.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

"Preciso falar com você..."


A manhã era fria e os dias anteriores ainda mais. Disseram-me que todo aquele frio que eu descrevia, só existia pra mim. Talvez seja verdade, talvez o frio esteja todo em mim. Talvez a tempestade que ocorria lá fora, também acontecia em mim. É mais por dentro mesmo, como se fosse morrer. Não morrer de verdade, é só morrer.
É verdade, eu me sinto perdida. Mentira e fantasias. Tentei gritar, mas a minha garganta foi abafada, ralei os meus joelhos esse dia. Deitada em meu travesseiro, rolei embaixo dos lençóis já não consigo de dormir. O turbilhão de pensamentos ainda me assombra, fiquei lembrando de cada instante. E isso machucou muito.
Olhou-me de modo costumeiro. Parecia escolher as palavras com cuidado. Disse não querer me machucar. Te entreguei o meu silêncio, e você não soube me entender. Te deixei ir. Te abracei e deixei ir. Mas por favor... Me diga que vai voltar, existe uma enchente em mim.
Diga que irá me preencher, mandar embora a incerteza, trazer todo aquele sentimento que só os teus olhos transmitem. Não permita que o futuro venha me engolindo.

Minha cabeça já está doendo e eu não sei pra onde você foi e se vai voltar. 

domingo, 27 de maio de 2012

No Light, No Light


Não é mais uma história sobre dias chuvosos ou noites de insônia. É apenas mais uma história de dias de sol, dos quais, o frio é no interior da casa, onde o amor deveria residir.

Foi naquela tarde. Eu havia descoberto tudo, meu menino não era mais meu. Existia algo naquele olhar, algo que já não era mais meu havia tempos, dias ou até mesmo meses. Eu de tão pequena, não podia enxergar porque no fundo, não era agradável de se ver. Um amor que fora cultivado, como uma rosa vermelha, foi amado, foi exposto ao sol, recebeu gotas de chuva, recebeu as minhas lágrimas como chuva, protegido de toda tempestade, consolado quando as praguinhas o cercavam, foi exposto a fé, fé de crescer e um dia ser colhido. Colhido para se tornar algo ou alguém, mas morreu. Morreu como todas as outras coisas.

Fica claro que quando algo acaba, já deveria ter deixado de existir. Mas e eu? Deixei de existir? E por que as palavras me somem tanto? Também deixaram de existir? Por que os meses só se arrastam? Por que deixei de alcançar os meus objetivos? Querido, me diga que estou errada. Teus lábios que hoje são de tantas e os meus que chegaram a pedir por outro, e muitas vezes, toca-lo. Me diga que não matei os laços que havíamos selado naquela noite de fevereiro. Me diga que essa sua sede de vingança está no fim, me diga que vai parar de me atormentar, me diga que não vai mais me procurar onde eu for, me diga que não vai mais me ligar, me diga que eu morri em sua vida, da mesma forma, que eu te matei na minha. Você é o espaço de quem eu fui e não quero voltar a ser. Você é o espaço que não me permite prosseguir. Você é o espaço em minha mente, mas não em meu coração. Mas é tão difícil meu amor, dizer só pra você.

Meu menino, quando você se sentir sozinho, lembre-se: a consequência de minha decisão foi culpa sua. Foi você quem quis assim. Foi você que nós tornou em retalhos. É tudo culpa sua.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Angra é dos Reis


"Pode rir agora. Que estou sozinha."

Cabelos escuros presos em um rabo de cavalo frouxo por fios que desciam abaixo dos ombros, os olhos eram perdidos e marejados. Ela era assim, ela vivia assim. Uma incógnita ambulante. Havia canetas coloridas e um pedaço de papel amassado, em sua esquerda um caderno de exercícios sendo procrastinado. Ela olhava pela janela e conseguia ver tudo, o ar do fim da tarde, as casinhas distantes e o som da respiração de sua cadelinha, baixinho tocava uma canção calma e bonita. O mundo inteiro era visível da janela do seu quarto. E naquela mesma tarde poucas horas antes um pequeno mundo resolveu desmoronar de seus olhos na frente do garoto do sorriso mais lindo, era visível uma tristeza que não a pertencia. Ela chorou, mas não porque seu peito doía. Ela chorou porque eles já não eram mais os mesmos, mas, o menino do sorriso mais lindo disse que imaginou que o amor era como o Arco-iris raro e belo, ele disse que voltava, cedo ou tarde, mas voltaria.

Seus cabelos já estavam soltos e molhados. Seus braços já eram gastos. Seu coração já estava fadigando. Os pulsos ficaram para o final. Já era tarde demais e não havia Arco-iris para salva-la no fim do túnel.