Um quarto, quatro
paredes. Do outro lado do quarto encontro-me sentada na escrivaninha,
escrevendo rapidamente meu último adeus com o coração na mão. Existe uma dança
silenciosa lá fora e a chuva parece respingar na janela em junção com cada batida do meu
coração. Parece-me que o Carnaval já se foi, e o que sobrou foi o retalho de um
amor fracassado e depois de já ter bebido tudo que tinha pra esquecer, me
resguardo ao fumo para lembrar.
Noite passada tentamos conversar novamente sobre
sentimentos não tão belos, porém demasiadamente reais, mas seu grito incessante
que diz estar cansado de sempre ser apontado por falhas, dizendo que o tempo
cura tudo até atitudes mal pensadas abafou minha voz. Dizias que o tempo
estava passando, algumas coisas estavam mudando e eu tentei ser puro amor
apenas para agradar-lhe sem te dar a falsa esperança que ainda te amo e espero
por ti. E agora, quando te encontro pelos cômodos desse lugar vazio e trocamos
olhares mudos tento não enxergar esse ser que você se tornou que eu tanto
desprezo. Essa coisa egoísta, sem rumo e vazia que vaga pelas ruas e para sempre dizendo lembrar-me, lembrar-nós em cada esquina.
Sinto escorres
lágrimas grossas e quentes pelos meus olhos e obrigo meus dedos trabalharem mais
rápidos em busca de terminar logo esta carta, enquanto minha mente me obriga a
pensar se você sempre foi essa criatura asquerosa, o tempo todo. Apenas me
espionando com seus olhos, esperando o momento certo para mostrar as tuas
garras de verdade as quais me dilaceraram, arrancaram cada pedaço de minha
carne expressando um misto de fúria e prazer. Até se acalmarem e perceber que não
havia restado nenhum pedaço de mim, desistir por um breve momento, o mesmo
momento em que eu me recompus e me levantei e te deixei para trás num passado
de opostos.
As palavras saem por entre meus dedos e eu procuro não ser dura demais no que digo. Mas
amor, eu vivi nessa tentativa não consumada de vingança, e nós sabemos que ninguém poderá ser capaz de fazer todo o mal que você mesma fez. E sabemos que esse mal tornou-se irreversível. E eu como quem te conhece
muito bem já consegue te enxergar como quem irá ler se fazendo de difícil soltando alguns resmungos e indo dormir
pensando nelas pra no dia seguinte vir me procurar e exclamar uma dúzia de
palavras vazias, palavrões e em seguida procurar um outro colo.
Não, não escrevo
mais para o meu amor. Escrevo para aquele que se perdeu no meio do caminho e
preferiu seguir por lados oposto. Quanto á mim? Corro para o sentido contrario
vivendo pra não ser um alguém egoísta, exalando cigarro barato e feminilidade
forçada, fiz minhas malas, selei esta carta e deixei meu último beijo em seus lábios.
Mande lembranças
ao amor, ao meu amor...
Escrito no fim do Carnaval, Fortaleza 2013.
Sem palavras. Apenas... amei, parabéns *-*
ResponderExcluirMarina P.
Isso sim eu chamo de um "Doce tormento".
ResponderExcluirSabe, é tão foda essa coisa da gente se apaixonar por anos pela mesma pessoa e de repente algumas verdades virem a tona, ela demonstrar ser outra completamente diferente e nós sentirmos nojo.
Pior que machuca, porque eu morro de saudade da minha menina (mas ela não existe, era tudo faz de conta) :~
Luz pra nós.
Amor pro mundo. <3
Texto lindo e cheio de sentimento. Gosto muito de coisas assim, parabéns moça!
ResponderExcluirEu gostaria de saber se eu poderia colocar o link do teu blog lá no meu, pra quem quiser ter a chance de conhecer teu blog.
http://doceuniversoparticular.blogspot.com.br/