sexta-feira, 22 de abril de 2011

Is this love?

A música bate-estaca soa na mesma batida que o meu coração. Posso sentir o baixo batendo dentro do meu peito. É difícil enxergar á minha volta com tantos corpos se contorcendo, ainda mais com tantos efeitos de luz e a névoa de gelo seco que se abriga na quadra. Chega a criar uma atmosfera hostil. Tão hostil que fazia a minha mente gritar "Que diabos eu estou fazendo aqui?" é uma sexta feira a noite eu deveria estar lendo algum livro da minha estante da Meg Cabot ou ouvindo Nirvana. Ou em uma festa com uma banda tocando ao vivo, e não em pessoas que só queriam "se agarrar" e músicas gravadas e serpentinas. É sexta feira a noite devia ser.... Tudo menos isso.

- Tem certeza que vai ficar apenas ai parada, não quer vir com a gente? - Minha melhor amiga (e unica) gritou no meu ouvido. Já devia ser a quinta vez que ela perguntava isso, mais minha intuição ordenava para que eu ficasse naquele mesmo lugar, parada com o olhar fixo em qualquer coisa banal. Em resposta apenas fiz um não negativamente com a cabeça e ela se foi. Me perguntei se ficar ali por uma hora era tempo o suficiente. A música era chata sempre a mesma  batida se repetindo. Nada de interessante nos últimos quarenta minutos. E o volume estava alto demais. Um pequeno grupo de amigos me rodearam me obrigando a me mexer no balanço da música, mesmo não querendo. E eu obviamente atrapalhada, esbarrei nele...

Eu não o havia visto em nenhum dos dias da semana, já estava levando a crer que ele estaria me evitando. Encabulada, mordi o lábio em dúvida o cumprimentei com um sorriso e pedi desculpas. Ele estava perfeitamente lindo da maneira que eu gostava, calças jeans escuras uma blusa qualquer é uma camiseta de flanela xadrez vermelha sem mangas e um boné preto que se confundiam com o seu cabelo encaracolado. Ele era alguns centímetros mais alto do que eu, e quando conferi o seu corpo quis perguntar onde ele estava todo esse tempo.
- Perdão, e ei oi! - Disse ele levando um susto e pegando a minha mão. Um tipo de respiração lenta e suave aliada a uma precisão rígida traziam-lhe um ar de bom gosto e nostalgia. Dava para ouvir um titilar de cristais e uma risada branda em sua voz, os sons reconfortantes que repetidamente me embalavam junto ao som da música.
- Ou, oi! - falei inclinado-me a ele, abri um pequeno sorriso e abaixei o rosto. "Maldita timidez", pensei comigo. Não sei se ele percebeu o meu desconforto ou o quê mais ele me puxou para um canto na tentativa de fugir dos olhares curiosos de todos em volta, ele me olhou e perguntou:
- Quer dançar? - falou, nervoso - Não que eu esteja acostumado, mais a batida é boa.
O meu sorriso cresceu, e uma onde de alívio acelerou o meu pulso. Larguei sua mão e fiz que sim com a cabeça, dei um passo para trás, e começamos a se mexer.

Por um instante, esqueci de acompanha-lo e fiquei olhando. Ele não era metido. Não, ele era o oposto, os seus movimentos lentos impressionavam muito mais do que se ele tivesse aberto um clarão na pista rodando comigo. Ao perceber que eu estava olhando, ele sorriu, me puxou pela cintura e eu entrelacei meus braços em torno do pescoço me convidando para dançar.

A música era um mero acompanhamento aos nossos movimentos, e eu fiquei perdida tentando achar a maneira certa de dançar. Como em uma valsa, nós nos movemos ao som das batidas. Relaxei o corpo, achando que seria mais fácil se eu não pensasse em nada. Enquanto todos ao nosso redor dançavam rapidamente, nós nos mexíamos com calma. O espaço entre nós estava cada vez menor. O olhar de um estava preso no outro. E com isso eu estava ganhando mais confiança. Uma emoção muito grande começava a crescer dentro de mim... As mãos dele acariciavam a minha cintura delicadamente, sem prender meu corpo nem exigir nada dele, deixando espaço para i que eu quisesse fazer. Me deixei ir em movimentos que me prendiam a ficar mais perto dele, nossos narizes encostaram, meu lábio tremeu quando encontrei seu olhar preso aos meus lábios. O inesperado veio...

- Eu estou gostando de você de verdade Anna, mais do que o necessário para amigos. - disse baixinho próximo aos meus lábio, porém, sem exigir nada ainda.

Aquele momento foi único, e por mais que no fundo eu soubesse que em algum lugar dentro de mim o amor nunca durá, acabei fazendo que sim com a cabeça.

Ele diminuiu o passo e me puxou para perto dele em um movimento suave e equilibrado. Começou por pequenos beijos nas minhas bochechas e eu os recebi sem dizer nada, fechei os olhos, mantinha a boca boquiaberta. Ele ia me beijar. Tinha certeza. Estava escrito em cada gesto dele. Meu pulso bateu forte, e eu inclinei o rosto a fim de encaixar meus lábios nos dele. Senti que meus joelhos travaram. Meus olhos se fecharam e eu desloquei meu peso de modo que eu conseguisse ficar da altura dele sem esforço. Uma onda de calor passou por mim. Nunca havia sido beijada daquela forma. Eu não conseguia respirar, com medo de estragar tudo. Minha mão foi de encontro aos cabelos dele entrelaçando, e sorrisos apareciam entre os intervalos. Ainda mais quando ele segurou minha bochecha como se eu fosse de porcelana. Ele tinha um gosto que eu mal sabia explicar, era diferente, e sem dúvida, o melhor.
(...)
"Esse cara é lindo. E o que ele está fazendo aqui comigo?" CR.

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